sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Sobre coisas que não deveriam ser ditas


DIA 48, FOTO 48
Uma foto por dia, 365 dias, 365 olhares.








DIA 48, FOTO 48
   Eu sou agora, o resultado do que tentei ser ontem, e todos os meus sonhos fracassados, agora empilhados, nada representam em mim. Os olhos todo dia mareados, e a fraqueza dos meus pensamentos aerados, nada são que o grande e enfadonho estado de pouco ser, que me restou. Olho adiante e nada além do passado, pouco raio, muita trovoada, nenhuma palavra de profundidade nomeável, nem mesmo lágrimas que se sustentam de algo. Um vazio de sobriedade inigualável, semblante quase meia fase, e movimentos quase estáticos, nenhum sentimento além da mágoa, e o câncer que ele provoca no peito. Os sapos trocadalhos, e o sangue pelas veias, um quase tique pouco nervoso, e palavras que não são ditas, e, os conhecidos desumanos que desaparecidos nem mesmo se recordam de mim, mas se alimentam de seus tronos passageiros, na efemeridade dos polegares inquietos porém indecisos, e nas milhões de inquietudes que a solidão pode provocar. O topo muito alto, além daquele poder além, o impensável e desconhecido estar, pouco por isso considerado ser, será o tamanho do que pode suportar, mesmo o sentido agora menos querer. São as palavras e mil sentidos que os signos podem prescrever, na saliva que escorre, por nada e nenhum significado obter, é a lembrança que sangra e molha, rejuvenesce o olhar torpe que nada pode enxergar. Não revitaliza, porém, em mim, a vontade. O viver. Só desalinha e aumenta um vazio que consome a existência, e só faz aumentar uma extrema angústia, e a vontade, enfim, de acordar para assim decifrar o sonho, e separar. Foi um sonho, foi um sonho, foi um sonho. Embora ruim, parte da feliz realidade do fim.


2 comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...